A Igreja do Sol
Este artigo é parte da série: O poder do mito
Eterno Sol, buscamos teu fulgor.
Perene guia, envia o teu calor.
A densa sombra já se dissipou.
A noite longa enfim terminou.
Na luz, nossa força se renova.
Na labuta, pomo-nos à prova.
O novo dia é de esperança,
alegria e boa aventurança.
Serão fartos os frutos a colher.
Pois quem luta tem nada a temer.
Sunth, o deus-sol, é a divindade mais difundida em Anima. Originário de Biorca, seu culto se institucionalizou numa rígida hierarquia clerical, espalhando-se por grande parte do continente.
Hoje, suas majestosas catedrais são encontradas na maioria dos grandes reinos, como Dragona, Atallantys e Kalimnor, e seus inúmeros templos se fazem presentes em cidades menores e em terras livres como Adagalha, Fenda e Perona.
A influência do sol se tornou tão grande que, em boa parte do mundo, os sete dias da semana são definidos conforme suas tradições: Sunth'dis, o feriado de celebração; de segundo-sol a sexto-sol, os cinco dias de diligência, e o encerramento da semana, lunardis, para reflexão e descanso.
Contudo, apesar de seu enorme sucesso, a religião encontra resistência em algumas regiões. Seus clérigos ainda são raros no sul e no leste longínquos, e, em certas terras, como Gaz'zira e Cornália, a crença permanece relativamente desconhecida.
Os valores de Sunth são a perseverança e a compaixão, e seus símbolos são o sol, a luz e o fogo. As trevas e as sombras representam os pecados, tentações e adversidades, e o amanhecer é um símbolo de renovação, a recompensa pela persistência em tempos difíceis.
Imbuída de uma mensagem de esperança e resiliência, a doutrina de Sunth encontra devotos principalmente entre as camadas mais baixas, mas é comum que nobres e poderosos também professem a fé. Embora a liturgia solar seja essencialmente monoteística, não é raro vê-la amalgamada a outras crenças populares, como o culto ao deus-mar, Anaren.
A mitologia do Sol é bastante rica em contos e lendas. Na maioria das histórias, Sunth é uma entidade distante, que intervém através de heróis e santos, mas, em alguns casos, manifesta-se diante de fiéis em momentos de provação. Algumas crônicas antigas, porém, retratam-no como uma divindade que enfrenta demônios e outros seres das trevas, mantendo o mundo a salvo deles.
Segundo estudiosos, a religião solar surgiu dos ensinamentos de Biorcus Kaen'Sunth, último oráculo da era mítica e primeiro rei biorquino. Alguns, contudo, contestam a ideia, apontando que a crença pode ter se derivado de um panteão mais vasto e hoje esquecido.
Quaisquer que sejam as origens do culto, o fato é que hoje os clérigos do sol têm influência considerável no mundo. Seus sacerdotes curam os enfermos e acolhem os desesperançados, seus monges se aprofundam no domínio de milagres divinos, e seus bispos aconselham nobres e reis. Sua estrutura vasta e influente, porém, é um convite a abusos e à corrupção. Mesmo o Sol projeta sombras, afinal de contas.
Retornar à série: O poder do mito
Kommentare