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Tiago Moreira

O renascimento de um mundo

Este artigo é a Parte 5 da série: Ruínas de uma era dourada


 
"Não importa o quão forte é a tempestade, nem o quão negra é a noite, o céu sempre volta a ser azul!"

Quando os oito heróis partiram para confrontar o rei-destino, eles não foram sozinhos. Ao longo de suas jornadas, cada um deles havia inspirado pessoas, reunido seguidores, treinado discípulos. No momento derradeiro, os oito haviam se tornado uma legião.


O rei-destino, porém, crente de sua invencibilidade, concentrava-se em construir sua nova nação. Nas ruínas a leste da Grande Fenda, ele ergueu uma montanha alta e solitária. Os complexos cavernosos sob a rocha seriam seu novo palácio; no pináculo, ficaria seu novo trono.


A arrogância do rei-destino permitiu à legião avançar. Com Olaf e Austgar à frente, os heróis se defrontaram com os exércitos do adversário. Muitos aventureiros, de nomes esquecidos, tombaram nos conflitos, mas o grupo avançou, lenta e inexoravelmente, até a morada do inimigo.


E, no sopé da montanha-fortaleza, foi travada a maior batalha daquela era. Ali, a legião valorosa enfrentou os mais poderosos seguidores do rei-destino e suas revoadas dracônicas. Muitos morreram naquele dia, mas, em meio ao caos, foram testemunhados inúmeros atos de coragem.


Enquanto a batalha seguia, o oráculo do fogo, Biorcus Kaen'Sunth, foi o primeiro a alcançar o pináculo. Disposto a se sacrificar para distrair o rei-destino, Biorcus enfrentou sozinho o monarca enlouquecido.


Abaixo, Olaf e Austgar lideraram a legião. Anões e gigantes sempre foram inimigos, mas juntos os dois se equivaliam a um exército, devastando as colunas inimigas com golpes de martelo, machado e clava.


Com as forças do rei-destino em recuo, os três colossais dragões primordiais desceram dos céus, mas mesmo esses monstros terríveis não parariam os heróis. Nazileus e August, protetor e pirata, eliminaram um deles. Drago, sozinho, confrontou e expulsou outro. O terceiro, vendo a derrota iminente, traiu seu rei e voou em fuga.


No pináculo, a batalha entre Biorcus e o rei-destino prosseguiu. Fogo e tempestade caíam dos céus, a terra tremia. As mágicas destrutivas devastaram o cume, forçando o confronto para os interiores cavernosos da montanha.


O oráculo resistiu bravamente, mas não teria como vencer. Ferido e exaurido, Biorcus tombou. Porém, antes que o rei-destino desferisse o golpe derradeiro, a monja Kamí os alcançou e, surpreendendo o monarca enlouquecido, decepou-lhe o braço com um golpe de espada.


Ismael e Drago vieram em seguida. O sábio beduíno abençoou os guerreiros e prestou socorro ao oráculo decaído, enquanto o soldado se uniu a Kamí, usando espada, fogo e rocha como armas no confronto.


Mas o rei-destino, mesmo ferido e enfraquecido, ainda detinha grande habilidade e poder. Entre risos histéricos e urros furiosos, o monarca zombava e provocava seus opositores. Usando magia e cetro como armas, lutou com grande habilidade, sobrepujando a monja e o soldado.


Mas eis que August surgiu das sombras e, apunhalando o rei pelas costas, deu a Drago a chance de feri-lo novamente e desarmar-lhe o cetro.


Recuando e retaliando com magia, o rei-destino fez toda a montanha tremer. As paredes ruíram, separando o monarca dos opositores, e lava incandescente avançou pelas galerias inferiores.


Ismael e Biorcus usaram suas habilidades para proteger o grupo, mas o rei-destino escapara. Cambaleando ferido pelos corredores, o monarca enlouquecido planejou vingança. Recuperaria suas forças, e o mundo ainda seria ordenado conforme sua vontade.


Foi então que, num corredor prestes a desabar, o rei-destino encontrou Nazileus à sua espera.


Em fúria e descrença, o rei lançou todo o seu poder sobre o opositor solitário. Alvejou-o com fogo e relâmpago, desabou rochas sobre sua cabeça, conjurou sombras e monstros para pará-lo.


E, ainda assim, Nazileus avançou, inquebrantável. Seu escudo resistiu aos açoites elementais. Seu corpo, às rochas que o esmagavam. Sua lâmina, às criaturas que surgiam para detê-lo. Enquanto não pudesse dar ao menino Kalim um mundo seguro, ele não pararia de lutar.


Vendo o guerreiro alcançá-lo, o rei-destino caiu de joelhos e implorou. "Eu tenho poder, posso lhe dar tudo o que quiser! Poupe-me, e você será mais do que um mortal, poderá controlar seu destino!"


"Eu já controlo meu destino!", Nazileus respondeu. "Você, porém, achou que tinha poder, mas todo homem poderoso está destinado a fracassar. Pensou-se imortal, mas se esqueceu: o destino de todo imortal é morrer!"


E Nazileus brandiu sua lâmina, arrancando do rei-destino a cabeça e a coroa.



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Após a batalha final, os oito heróis e sua legião tomaram caminhos diferentes, retornando às suas terras natais. A partir de então, nações se ergueriam e cairiam. Sobre o continente, se alternariam guerras e eras de paz. Muitas gerações passariam. Com a queda do rei-destino, das ruínas de sua era dourada, o mundo nascia renovado.


Isso foi há muito tempo. Tanto tempo, que os detalhes se perderam. Há quem diga que trata-se apenas de uma lenda, mas a história ainda hoje é contada, em versos ou prosa, em muitas diferentes nações, como lembrete de que a vida não é uma dádiva, mas uma conquista.


Ainda hoje, pais recitam a seus filhos, mais ou menos assim:


Estas terras a ninguém pertencem, Mas nem sempre tudo foi assim tão revolvido. Há muito, muito tempo existiu um reino Que se estendeu por todo o mundo conhecido. Este império fora erguido por um rei, Um mortal ascendido a deus vivente. A vontade do monarca ordenava o mundo, Mas nenhum homem governa eternamente. Sob o peso do poder, o rei sucumbiu. Sua sanidade, abalada, feneceu. Oráculos tombaram, Pilares ruíram, E o mundo, esfacelado, ensombreceu. Mas eis que, em meio ao desespero, Uns poucos heróis se ergueram. Desafiando o destino, confrontaram o rei E, contra o impossível, prevaleceram. Estas terras têm estado em caos desde então. Hoje, não há mais um deus para nos governar. Agora, são heróis e vilões, a cada geração, Que moldam este mundo e fazem-no girar.

 

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