As Terras Matrixianas
Este artigo faz parte do Compêndio da Terra dos Cornos.
As Terras Matrixianas já foram parte da Cornália. Ali, fazendas e vilas se estabeleceram sob comando de coronéis. A região era fértil, banhada pelo Rio Seu Chico, mas tinha seus perigos, o maior deles advindo das tribos de wing'dus que atacavam dos céus.
Há pouco mais de trezentos anos, um grupo de estrangeiros se estabeleceu nas montanhas acidentadas ao sul. Anos depois, eles declararam ao mundo um feito extraordinário: pela primeira (e única) vez na História, através de avanços inéditos em engenharia e alquimia, uma ilha flutuante artificial se erguia aos céus.
Em geral, os cornos, em suas vidinhas rurais, ignoraram tal evento, até duvidavam de sua veracidade. Estrangeiros, porém, tinham mais curiosidade e esperanças em relação a tal feito. Atraídos por relatos fantásticos de avanços científicos, muitos vieram de nações longínquas, atravessando a aridez da caatinga para conhecerem a ilha maravilhosa.
Ali, nas alturas do firmamento, se formou a cidade de Matríxia, uma nação independente dedicada às ciências, em especial alta engenharia e alquimia. Governada por uma casta de tecnocratas, Matríxia logo baniu todas as religiões e, não muito depois, a prática de magia arcana, considerada elitista e perigosa. Apenas os ofícios capazes de gerar milagres duradouros, em benefício de todo o povo, seriam considerados "ciências verdadeiras".
Por décadas, poucas notícias vieram daquela nação insular. Matríxia era considerada um paraíso dourado, sem pobreza, cheio de maravilhas movidas a vapor faziam o trabalho pesado, enquanto os homens se dedicavam às artes, ciências e filosofia. De vez em quando, um ou outro engenho matrixiano assombroso era levado a outras terras, comprovando os rumores de avanços nunca vistos antes.
Eventualmente, em busca de recursos para sua população cada vez maior, Matríxia fundou um posto avançado ao norte, conhecido apenas como "II", com o objetivo de obter água e alimento. Mais tarde, um segundo assentamento, "III", foi estabelecido ao oeste, junto à cordilheira do Grande Tê, visando a extração de minérios.
Há cerca de cem anos, contudo, Matríxia se tornou inesperadamente hostil. Máquinas de guerra vieram dos céus, trazendo soldados com armas nunca antes vistas. Desorganizados, os cornos foram forçados à submissão ou exílio, e a invasão terminou tão abruptamente como começou, com o estabelecimento do posto XIII.
Embora haja um mínimo de comércio com a Cornália, as Terras Matrixianas se mantém isoladas e xenófobas. Viajantes raramente são permitidos além do posto XIII, e os aventureiros e bandidos que se arriscam além falam da hostilidade aberta encontrada em outros assentamentos.
Os matrixianos aceitam imigrantes com relativa facilidade, mas quem se estabelece por lá não costuma retornar. Há quem especule que Matríxia e suas terras são de fato um paraíso dourado... outros, contudo, têm suspeitas bem mais sombrias.
Este artigo faz parte do Compêndio da Terra dos Cornos.